Meio Ambiente e Construção

Hora da escolha

Hora da Escolha

 

INIBIÇÃO: é importante saber que há uma restrição (senão até proibição) em se construir naturalmente em alguns condomínios residenciais, sejam de médio ou alto padrão. Fatores como a “manutenção da beleza estética” do conjunto, normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), do INMETRO (Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e dos Códigos de Obras Municipais ainda estão inibindo a presença de algumas técnicas da bioarquitetura nestes condomínios, tais como tijolos de adobe e superadobe, por exemplo.

Deve-se frisar que importantes construções seculares de uso público aqui no Brasil, tais como museus, bibliotecas e igrejas, feitas com paredes de terra (tipo taipa de pilão), ainda estão inteiras, resistindo tranquilamente ao tempo (Sol, chuva, variações climáticas), salvo poucas exceções. Vide cidades históricas como Ouro Preto-MG e outras.

 

ESTÉTICA x SAÚDE: não se pode deixar que fatores de estética construtiva (estes importantes, obviamente) sejam muito privilegiados e até confundidos com fatores culturais ou da moda, como a inadequada presença de telhas esmaltadas em condomínios residenciais. Estas, por sua vez, prejudicam a qualidade d’água em um sistema de captação da água de chuva, pois possuem COVs (Compostos Orgânicos Voláteis, comprovadamente cancerígenos) em sua composição.

Mesmo que se regue o jardim com esta água, que já correu por estas telhas, com certeza não é saudável às plantas, ao solo, ao lençol freático, às vidas aquáticas de rios e mares, e consequentemente, à qualidade d’ água que consumiremos depois (alguns tipos de elementos químicos não conseguem ser tratados ou extintos pelas estações de tratamento d’água).

É importante sabermos o ciclo d’água doce no planeta. Segundo o Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (IPEC) a melhor telha para se captar água da chuva é a de barro (sem revestimento em esmalte ou qualquer outra substância química), milenarmente conhecida e usada.

 

CONFORTO TÉRMICO: há mais desvantagens, do que vantagens, em se usar telhados brancos. Por um lado estes refletem mais a luz solar, fazendo a edificação ganhar em conforto térmico, no caso de localidades quentes. Porém, haverá um grande ofuscamento e desconforto visual na população que mora em prédios vizinhos, além de ser trabalhosa sua manutenção (telhado deve ser lixado mais vezes para receber repintura, gerando com isso poeira no ar) em cidades maiores, com alto índice de poluição.

As melhoras medidas para se resolver problemas térmicos de edificações, em localidades quentes, são duas: escolha correta dos materiais de construção e arborização em seu entorno, diminuindo possíveis “ilhas de calor”. Há quem diga que a presença de telhados verdes (uma terceira medida) resolve problemas de conforto térmico em construções. Em parte sim, sem dúvida. Porém, esta alternativa pesa mais no bolso do cliente, ao requerer gastos maiores em reforço da estrutura do telhado, tais como lajes mais espessas, vigas, caibros e ripas em maior número.

A Geobiologia (medicina do habitat) não recomenda este tipo de cobertura, por “ser viva”, digamos assim, com a presença de fungos e microrganismos decompositores da matéria orgânica, influenciando energeticamente (de algum modo) quem mora ou trabalha na edificação. E também, caso a terra do telhado esteja pobre em nutrientes, as plantas podem absorver, como complemento, a energia do usuário da casa (energia do corpo).

 

PASSIVO AMBIENTAL: ao adquirir um imóvel, seja no âmbito rural, urbano ou proveniente de incorporadoras imobiliárias, certificar-se detalhadamente sobre o histórico de uso da área, pois esta pode ter herdado algum tipo de passivo ambiental (inclusive de áreas vizinhas) resultante de postos de combustíveis, atividades industriais, agropecuárias e humanas em geral, tais como contaminação química do solo, de suas águas subterrâneas ou de sua vegetação ainda remanescente.

Esse conhecimento é imprescindível para saber a qualidade ambiental da área a ser habitada, e também para se resguardar de futuros possíveis problemas de saúde em seus habitantes. Além do que, esta análise mais detalhada do uso passado do terreno, livra o cidadão e/ou empresário de problemas jurídicos, uma vez que, ao comprar um terreno ou imóvel nele inserido, a pessoa torna-se responsável pela gestão e qualidade de todos os seus recursos naturais.