Como a iluminação afeta o humor

Notícia de 5/8/2019

 

É muito provável que você esteja lendo esse texto em um espaço fechado e com as luzes ligadas. Com o nosso atual estilo de vida, é comum passarmos a maior parte dos dias em salas fechadas realizando nossas tarefas diárias banhados pela soma de luzes artificiais e naturais.

Ao mesmo tempo que as luzes artificiais trouxeram infinitas e incalculáveis possibilidades à humanidade, elas também causaram uma certa confusão ao nosso corpo, que se adaptou por milhares de anos a responder aos estímulos da luz do sol e à escuridão da noite. Trata-se do Ritmo ou Ciclo circadiano, que designa o período de aproximadamente 24 horas que se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos, influenciado sobretudo pela luz recebida, mas também pela temperatura e outros estímulos. 

 

 

O nosso relógio natural localiza-se na parte do cérebro chamada hipotálamo, e vincula-se a fotorreceptores (como da retina) pelo corpo que sincronizam o relógio interno com as luzes absorvidas durante os dias. O entendimento do Ciclo Circadiano é imprescindível pois ele afeta os ritmos do corpo humano, influenciando no sono, humor, no estado de vigília, na digestão, no controle da temperatura e até na renovação das células.  

Pesquisas mostram que um volume adequado de luz diariamente melhora os níveis de humor e energia, enquanto que a iluminação insuficiente contribui para a depressão e diversas outras carências no corpo. A quantidade e o tipo de iluminação afetam diretamente a concentração, o apetite, a disposição, etc.

 

 

Mas como ter um ritmo circadiano saudável se passamos a maior parte do tempo em ambientes com luz artificial? E se a última coisa que fazemos antes de dormir e a primeira ao acordar é checar o telefone celular? E como os arquitetos podem tornar os ambientes mais saudáveis por meio da iluminação? Estudiosos do tema mostram que o ideal é tentar mimetizar o natural com as luzes artificiais. Por exemplo, luzes brilhantes e mais fortes são melhores para as manhãs e para o decorrer do dia, enquanto é interessante estar exposto a luzes fracas são boas à noite.

O contrário disso pode causar um ritmo circadiano confuso, mexer com seus horários de sono ou dificultar a busca de energia ao longo do dia. Um estudo da Universidade de Toronto mostrou que luzes fortes "intensificam a reação emocional inicial que temos a um estímulo, e os efeitos disso podem tanto positivos como negativos.

 

 

A temperatura da cor também influencia muito a nossa percepção. A unidade de medida é o Kelvin (K) e quanto mais alto o valor, mais clara e fria é a tonalidade de cor da luz. Quando falamos em luz quente ou fria, não estamos nos referindo ao calor físico da lâmpada, e sim à tonalidade de cor que ela irradia ao ambiente. Luzes quentes tornam os ambientes mais aconchegantes e relaxantes; enquanto luzes mais claras tornam o ambiente mais estimulante, nos fazem sentir mais alertas, mais concentrados e podem aumentar os níveis de produtividade.

Acredita-se também que a luz azul reduz os níveis do hormônio melatonina que nos faz sentir sonolento, ou seja, você se sente mais acordado. As telas de computadores e celulares emitem muita luz azul. Portanto, aquela última checada no e-mail já deitado na cama pode tornar seu sono menos restaurador. Ainda sim, se usada com inteligência, pode ser ótimo para locais onde a mente deve estar funcionando a todo vapor, como salas de reunião, cozinhas industriais e mesmo fábricas, onde se espera que todos estejam focados no trabalho.

 

 

 

 

Já as tonalidades amarelas (a parte mais baixa da escala de cor) referem-se mais ao entardecer e ao amanhecer, portanto quando o corpo geralmente está mais relaxado. E isso faz total sentido se pensarmos que até pouco tempo atrás os seres humanos não eram realmente expostos a luzes de alta intensidade durante a noite, mas à luz do fogo e da lua. Iluminações fracas, indiretas e quentes tendem a deixar os ambientes mais calmos, e as pessoas mais relaxadas. Enquanto isso pode não ser tão bom para um ambiente de trabalho que necessite de eficiência e produtividade, pode ser uma escolha acertada para um restaurante, uma área de descanso ou um quarto.

 

 

Especialistas são unânimes ao afirmar que passar algum tempo recebendo luz do sol diariamente e evitar estar exposto a tanta luz fria e azul próximo da hora de dormir pode melhorar a qualidade de seu sono e afetar positivamente o seu bem-estar e produtividade. Por mais que seja impossível tentar controlar a iluminação de todos os ambientes e espaços que você passará durante os dias, ter a consciência dos impactos da iluminação sobre o corpo pode te fazer pensar duas vezes ao comprar aquela lâmpada em promoção no supermercado. 

 

 

Fonte: Archdaily 

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