Meio Ambiente e Construção

Notícia de 3/5/2017 

 

placemaking é um conceito cunhado pela ONG norte-americana, Project for Public Spaces (PPS), para definir os processos de desenho colaborativo de espaços públicos que levam em conta os desejos, interesses e necessidades das comunidades locais.

Seus alcances foram estudados sob a perspectiva de diversos temas presentes em nossas cidades, como ecologia, psicologia, sustentabilidade, resiliência, entre outros.

O último informe elaborado pela PPS com apoio e financiamento da ONG especializada em saúde, Kaiser Permanente, retoma esse conceito e o enquadra em estratégias e projetos formulados a partir do placemaking, e que foram capazes de melhorar a saúde mental, psicológica e social dos habitantes.

O impacto desse foco pode ser visualizado em cinco áreas. Estas são:

 

 1. Suporte Social e Interação

Placemarketing - foto 1

 

A tendência humana de viver em comunidade é uma característica que muitos escutaram mais de uma vez. Isso significa que os seres humanos estão projetados para viverem em comunidade e, portanto, devem relacionar-se com seus pares.

Diante disso, os espaços públicos podem ser entendidos como locais de excelência para as relações sociais. De fato, desde a Grécia Antiga esses eram os lugares de encontro, sendo os principais, a ágora, os mercados e os parques. Apesar disso, a transposição desta interação aos espaços privados é uma realidade, sobretudo nas últimas décadas.

No entanto, o informe defende que quando existe interação, há uma série de benefícios para seus habitantes, sendo os principais o suporte social, as redes de apoio e o sentido de pertencimento a uma comunidade, valores que Kawachi I, Kennedy BP e Glass R. agruparam para definir o capital social em seu estudo “Social capital and self-rated health: a contextual analysis”.

Mas, portanto, o que se pode fazer para que isso seja possível? PPS apresenta seis chaves:

1. Envolver os residentes locais, trabalhadores e outras partes interessadas em um processo significativo para ajudar a projetar o uso e o desenho de espaços que impactam a vida pública;

2. Avaliar as oportunidades das propriedades existentes (construir áreas cobertas, praças em frente aos edifícios, lotes não empreendidos, ruas adjacentes) para transformá-los em lugares de reunião social que podem receber uma ampla gama de atividades e programas;  

3. Organizar ou liderar eventos que busquem explicitamente reunir membros da comunidade de diferentes origens sociais, econômicas e culturais;

4. Proporcionar serviços de espaços públicos que fomentem a interação social (mesas e cadeiras, música, jogos etc.) e oferecer espaço para reuniões privadas de forma gratuita ou com descontos para grupos e interesses locais;

5. Identificar formas de construir a capacidade a longo prazo dos residentes locais, especialmente aqueles com desvantagens em saúde e outras áreas, para lidar com programas que constroem habilidades e conexões, tais como treinamento, programas de estágio, oportunidades de voluntariado e grupos de trabalho que ajudam a manter e programar espaços específicos;

6. Exibir o talento e a cultura local com eventos ou exposições de arte ou encenações, além de instalações projetadas localmente e construídas como assentos e mesas.

 

 2.  Recreação Ativa e Entretenimento

Placemarketing - foto 2

 

Um dos vários benefícios associados aos espaços e parques públicos refere-se ao fato de que, quando bem projetados, esses locais fomentam a atividade física entre os visitantes, sejam crianças ou adultos. Assim, quando o desenho é um elemento bem resolvido, ele passa a incentivar os passeios recreativos.

Dessa forma, é possível para os visitantes manter um peso saudável, melhorar sua função cognitiva e diminuir os riscos de ter doenças crônicas (como as doenças cardíacas e a diabetes tipo 2).

Apesar disso, é necessário agregar a tais benefícios, outros aspectos, como a apropriação do lugar e a geração de um sentido de comunidade que se apresenta quando os habitantes foram parte do processo de planejamento dos espaços públicos e parques.

Tomando isso como referência, a PPS apresenta oito conceitos para favorecer a participação comunitária na criação desses lugares:

1. Envolver a vizinhança no planejamento e criação de parques e outros locais de recreação ativos, e nas melhorias para que esses espaços sejam mais ecológicos, seguros, limpos, acessíveis e fomentadores da interação social;

2. Associar-se a grupos comunitários e envolver os residentes locais para proporcionar ideias e comentários sobre melhorias e programas para os parques locais e espaços públicos de recreação ativa;

3. Buscar oportunidades para aumentar número, tamanho, segurança e qualidade dos espaços públicos de recreação ativa a pouca distância de onde as pessoas vivem;

4. Avaliar as oportunidades de inclusão de serviços recreativos ativos, equipamentos e/ou programação de formas permanentes ou temporárias em propriedades existentes (praças em frente aos edifícios, parques, lotes não urbanizados, ruas adjacentes, etc.);

5. Patrocinar ou organizar eventos de Ruas Ativas ou Ruas Abertas;

6. Programar atividades físicas e recuperação de espaços públicos por meio do uso de linguagem, imagens e métodos que atraiam a diversas grupos, incluindo pessoas que não falem a língua local;

7. Melhorar o acesso à pé, de bicicleta e por transporte público e as conexões com  parques comunitários locais, parques infantis, atividades físicas e espaços públicos de recreação ativa;

8. Encontrar novas formas de promover a socialização e a interação nos espaços recreativos através de estratégias como dias de limpeza, eventos especiais, equipamentos ou jogos interativos e a disposição de monitores para diversas idades e interesses.

 

 3.  Entornos Naturais e Verdes

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A vegetação aparece como um dos elementos principais na construção de um espaço público de qualidade.

Sua importância reside em sua capacidade de tornar um local mais acolhedor visualmente e beneficiar o estado de saúde da população em diversas perspectivas ao reduzir os níveis de ansiedade, depressão e estresse, além de aumentar a atenção e a memória. Além disso, a vegetação transforma-se em uma plataforma para favorecer a interação e as atividades sociais que conformam o capital social.

Por último, a presença do verde ajuda a melhorar a qualidade do ar a da água, além de reduzir a delinquência violenta. Assim sendo, como contribuir com sua existência nas cidades?

1. Buscar oportunidades para aumentar número, tamanho, segurança e qualidade dos espaços verdes, parques e passeios a pouca distância das casas, particularmente em terrenos baldios;

2. Incorporar elementos naturais nos espaços verdes existentes que possuam um vínculo com melhores resultados de saúde, tais como árvores, características da água, passeios para caminhar, e fauna;

3. Incorporar árvores e elementos de paisagismo no tecido urbano em geral.

 

  4.  Alimentação Saudável

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A possibilidade de ter por perto uma fonte de produção de alimentos, permite que os consumidores tenham acesso a alimentos frescos e que contribuem na redução do impacto ambiental na cadeia de distribuição desta categoria entre as áreas rurais e urbanas.

Apesar disso, as vantagens de tal sistema de produção vão muito além, tocando em questões ambientais, econômicas, educacionais e sociais. Por isso, a PPS aconselha o incentivo a esse tipo de iniciativa de produção levando em conta as seguintes orientações:

1. Aproveitar as propriedades existentes e localizadas no centro (praças em frente a edifícios, estacionamentos, ruas adjacentes, etc.) para criação de mercados regulares com os produtos de agricultores durante todo o ano;

2. Apoiar a implementação de serviços de saúde e alimentos saudáveis para conectá-los a outros nós do sistema alimentício local (mercados de agricultores, bancos de alimentos, etc.);

3. Integrar projetos de paisagismo no desenho de escolas, residências e outros empreendimentos;

4. Criar oportunidades para educação e programação relacionadas à saúde em espaços públicos;

5. Assegurar a classificação dos produtos à venda nos mercados de agricultores por meio da entrega de vales, programas de apoio ao Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP, na sigla em inglês) e os benefícios do programa de Mulheres, Bebês e Crianças (WIC).

 

 5.  Caminhadas e Ciclismo

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placemaking é um mecanismo de apoio aos meios de transporte sustentáveis uma fez que defende que os espaços tornam-se mais atrativos quando são mais acessíveis à pé ou de bicicleta.

É por isso que a PPS aconselha os seguintes pontos sobre o tema:

1. Buscar oportunidades para criar ou melhorar destinos públicos, especialmente aqueles situados no centro, próximos a paradas de trânsito e que facilitam o acesso à pé ou de bicicleta; 

2. Melhorar o acesso à pé e de bicicleta aos principais destinos da vizinhança, proporcionando uma infraestrutura segura, cruzamentos, armazenamento seguro das bicicletas, etc;

3. Patrocinar ou ajudar de forma recorrente a organizar eventos de Ruas Ativas ou Ruas Abertas;

4. Apoiar os trabalhadores nas ruas da vizinhança para criar espaços mais seguros para caminhar e andar de bicicleta;

5. Trabalhar com os residentes para limpar, reparar e embelezar as ruas para fazer da caminhada uma experiência mais agradável e segura;

6. Proporcionar sinalização de rota e mapas em frente a edifícios de instituições de saúde e outros destinos importantes.

 

Fonte: Archdaily