Meio Ambiente e Construção

Notícia de 22/9/2016

 

Sim, o Acre existe – e está dando um exemplo e tanto para o resto do Brasil! Na reserva extrativista de Alto Juruá – que fica próxima à fronteira do país com o Peru e a quase 600 km de Rio Branco, a capital do Acre –, vive um povoado cuja economia é toda baseada em trocas.

O antropólogo Roberto Rezende quis ver o modelo de perto e, para tanto, morou no local por cerca de seis meses, vivenciando na pele o sistema de subsistência. De acordo com o pesquisador, “são relações de troca e ajuda: no período da colheita, por exemplo, um solicita ajuda do outro, e assim se estabelece uma espécie de dívida”. Fascinado com o que viu, ele voltou para São Paulo e escreveu uma tese de doutorado na Unicamp com base no trabalho de campo.

Leia, abaixo, o papo do antropólogo com a Revista Galileu.

 

Como acontecem as relações de troca na comunidade?
Existiam alguns estudos em comunidades amazônicas que afirmavam que essas relações eram “desinteressadas”, mas isso não se aplica nesse caso: um homem, por exemplo, tem um roçado e ele precisa da ajuda de mais trabalhadores. Então, ele pede ajuda ao seu irmão e ele sabe que está em dívida quando houver outra colheita do roçado. Mas as relações estabelecidas com os políticos não são muito diferentes: se o político te dá o que prometeu, ele é bom.  Isso tem uma aplicação sobre o assistencialismo e paternalismo.

 
Qual é o tipo de produção que existe na região?
Eles são em grande parte agricultores e há grupos de casas que se especializam em uma produção para a venda. Essas atividades são complementadas com caça e pesca.

 
Há muitas diferenças culturais?
Cada casa da comunidade tem autonomia de decidir sobre sua produção: tem gente que gosta de ter uma casa com “padrão de novela”, com sofá, estante. Então, investe tempo para produzir alimentos e vendê-los para comerciantes. Mas também tem gente que quer comer bem e por isso dedica mais tempo para caçar aves, pacas, porcos do mato, veados, macacos e jabutis.

Interessante, não?

 

Fonte: The Greenest Post