Notícia de 15/4/2015
Na Índia, Indonésia e China, e em países sul-americanos, como Colômbia, Peru e Equador, o emprego do bambu em substituição ao aço, junto a estruturas de concreto armado, já é realidade. Há mais de um século, a engenharia civil destas nações incorpora a planta à construção de casas populares e prédios habitacionais com até quatro pavimentos. Os bons resultados estimulam o Brasil a começar a testar essa tecnologia. “Dependendo da espécie, maturidade, tratamento e teor de umidade, o bambu pode ser empregado com eficiência como elemento de colunas e vigas estruturais, suportando cargas bem altas”, explica Vitor Hugo Silva Marçal, secretário-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (APROBAMBU).
O engenheiro civil cita que na Colômbia há casas de bambu estrutural revestido de concreto que possuem mais de 100 anos e continuam íntegras e funcionais. Atualmente, no Brasil, universidades e grupos de pesquisa passaram a desenvolver projetos utilizando a planta, a fim de diminuir os gastos energéticos e aumentar a sustentabilidade das construções. Estudos mostram que o bambu pode sim ser utilizado no lugar do aço, já que sua resistência à tração e à compressão atinge valores médios de 100 MPa e 40 MPa, respectivamente. Segundo Vitor Marçal, a planta no formato roliço se adapta muito bem a sistemas construtivos pré-fabricados, pois ajuda a produzir peças eficientes sob o ponto de vista de leveza e eficiência térmica.
Norma técnica
UnB (Universidade de Brasília), Unicamp (Universidade de Campinas) e PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) já possuem núcleos em seus departamentos de engenharia civil para estudar o bambu e os tipos da planta que melhor se adaptam à construção civil (há variedades que funcionam melhor para a fabricação de
laminados e aglomerados de madeira). Mas o que leva as universidades a pesquisar o material está relacionado ao seu grau de resistência a patologias, quando aplicado ao concreto. “Muitas das patologias encontradas até o momento estão relacionadas ao mau dimensionamento das peças e à utilização de material com pouca qualidade, imaturo e com teor de umidade inadequado”, diz o secretário-executivo da APROBAMBU.
As universidades que pesquisam o bambu como elemento-estruturante também atuam para que o material possua norma técnica, junto à ABNT, a fim de que possa ser usado na construção civil brasileira. Só assim, ele poderá ser incorporado, por exemplo, em sistemas construtivos credenciados para o programa Minha Casa Minha Vida. Como material de construção, o bambu precisa estar maduro, ser cortado da forma correta, passar por tratamento adequado, secar de forma progressiva e ser bem armazenado. Outro fator importante é a capacitação e o conhecimento da mão de obra que trabalha com o bambu. “Na Colômbia, onde a planta tem normalização, ela é adotada em programas de habitação popular para edificações de até dois pavimentos. Na Índia, existem estruturas construídas com quatro pavimentos”, exemplifica Vitor Marçal, apostando que o “aço verde” e a “madeira do futuro” ainda irão revolucionar a construção civil brasileira.
 
Entrevistado:
Engenheiro civil Vitor Hugo Silva Marçal, secretário-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (APROBAMBU)
Fonte: Cimento Itambé